segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Opinião - A Menina que Não Sabia Ler


Sinopse: 1891. Nova Inglaterra. Numa mansão distante e decadente, onde nada é o que parece, dois irmãos são deixados à mercê de criados e regras ditadas por um tio negligente. A jovem Florence, de apenas 12 anos, passa os dias a tomar conta do seu irmão mais novo Giles e a deambular pelos corredores, numa rotina entediante e desinteressante. Até que, um dia, a menina encontra na mansão um lugar proibido: uma biblioteca fechada e empoeirada, pela qual se apaixona.Mas naquela casa existem segredos sombrios que não deveriam ser revelados. Porque é que Florence sonha sempre com uma mulher misteriosa que insiste em ameaçar o seu irmão? Que segredo esconde a nova preceptora e porque Florence tem dela um medo sobrenatural? E porque é que o seu tio não permite que ela aprenda a ler? Florence precisa de encontrar muitas respostas – sejam elas inventadas ou não, e soluções nem sempre fáceis para proteger Giles, e o seu amor pelos livros, antes que alguém descubra quem ousou abrir as portas daquele mundo literário

Opinião 

A Menina que Não Queria Falar foi o primeiro livro que li este ano e revelou-se uma surpresa bastante agradável. Esta é a história de Florence e do seu irmão Giles, dois órfãos que foram acolhidos por um tio que nunca conheceram e que não mostra grande interesse por eles. Os dois vivem na mansão do tio apenas com os empregados, que, pelo que me pareceu, também nunca conheceram o senhor. Nunca foi permitido a Florence receber uma edução, como ao seu irmão, portanto ela aprendeu a ler sozinha e às escondidas e passa os dias escondidas na grande casa imersa nos seus livros. 

Florence é uma menina muito peculiar, é extremamente inteligente, tem uma imaginação bastante fértil e, à noite, tem sonhos bastante estranhos. Ela tem um amor enorme pelo irmão, e reclama que tudo o que ela faz é para que não a separem do irmão, logo sofreu um pouco quando ele teve de abandonar a casa para prosseguir os seus estudos num colégio longe de casa. Só que apenas lá ficou um semestre, pois ao contrário da irmã, Giles não possui uma mente muito dotada e era constantemente gozado pelos colegas. Quando Giles não volta para o colégio, o seu tio fica então encarregue de encontrar um tutor para Giles e é aí que a história realmente começa a tornar-se interessante. Essa nova tutora, Taylor, é uma mulher algo misteriosa e Florence antipatiza logo com ela à primeira vista.

Para mim, o que eu mais gostei da história foi a parte da biblioteca, pois Florence aprendeu a ler através dos livros da grande biblioteca da casa. Mas, como o tio não achava que as mulheres deviam ser alfabetizadas, é engraçado ver as suas artimanhas e como ela consegue de facto contornar as regras e refugiar-se nos seus livros e na grande biblioteca que não é utilizada por ninguém.

A história tem imensos elementos sobrenaturais ligados à nova tutora e a Florence mas, no fim, eu já não conseguia perceber o que era realidade e o que era apenas a imaginação da Florence, pois a história é narrada por ela e toda a gente sabe que as crianças têm uma imaginação bastante fértil. Quem sabe se Florence não se via a viver no seu pequeno mundo?

Gostei imenso da história, o fim deixou-me a pensar bastante nos acontecimentos, na Florence e nunca consegui chegar à conclusão que o que se tinha passado era a realidade ou apenas imaginação.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Novidade: O Último Encore

Hoje trago-vos uma novidade da CoolBooks que, para quem não sabe, faz parte da Porto Editora e cujo objectivo é "dar a conhecer novos autores de língua portuguesa, privilegiando, para esse efeito, a leitura digital."
Num mercado onde a publicação de autores estrangeiros é dominante, é sempre uma alegria quando alguém se dedica a descobrir, promover e editar obras de (novos) autores portugueses - esta espécie tão pouco valorizada e que quase ninguém conhece. 

O livro chama-se "O Último Encore" e é a primeira obra publicada (digitalmente) de Paulo Costa. 

Paulo Costa tem 28 anos e é natural de Porto da Espada, uma pequena aldeia no concelho de Marvão. Foi neste concelho que realizou os estudos no Ensino Básico, nomeadamente na Escola Básica e Integrada da Ammaia, na Portagem. É no 5.º ano que começa a escrever com mais assiduidade, estimulado pelas leituras que ia fazendo. Foi em Portalegre que, por incentivo de um amigo, aprendeu a tocar viola baixo na Escola de Música Adagio e, depois, por conta própria.
Jurista de formação, com Mestrado em Ciências Jurídico Forenses, viveu de 2014-2016 na Península de Setúbal, primeiro na muito humana cidade do Barreiro e depois junto de uma das baías mais belas do mundo em Setúbal. Atualmente, reside em Bruxelas, onde trabalha. (retirado da ficha do autor em CoolBooks.pt)

Sinopse

É um revoltado Cliff que chega a uma cidade desconhecida de Portugal, vindo dos EUA com o pai. Ali ele não espera encontrar nada mais do que tédio e aborrecimento. Como poderá prosseguir os seus sonhos de formar uma banda num país tão pequeno? O que ele mal sabe, porém, é que é nesta cidade perdida no mapa que vai encontrar não só a música, como a amizade e o amor, acabando por descobrir uma história que julgava enterrada... 


***

O eBook está disponível a partir de hoje, dia 11 de Fevereiro, na livraria virtual wook e podem ler um excerto da história no site oficial da CoolBooks.

Aproveitem para espreitar outros autores do catálogo da CoolBooks que, como o Paulo Costa, encontraram nesta plataforma uma oportunidade para partilharem o seu trabalho.
Partilhem, porque assim estão a ajudar novos autores de língua portuguesa. Eles agradecem!

Quanto a mim, vou ler a história do Cliff que, pelos vistos, tem muita música rock à mistura e isso, por si só, agrada-me bastante.


Fiquem à espreita, porque iremos partilhar a nossa opinião sobre o livro. ;) 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Um Post que se chamava "Mini Opiniões"...

Finalmente encontrei TEMPO para escrever estas opiniões! Uh-uuuuuhhh!!! Era suposto ser um post pequeno, mas tornou-se gigante, mas não faz mal porque finalmente tive TEMPO para escrevê-lo.


Provavelmente nem se deram conta, mas para quem prometeu partilhar uma opinião num futuro próximo, falhei miseravelmente. Isto soa mal, até mesmo na minha cabeça, mas tenho uma boa razão para este atrasado: A Tese. Esta coisa tem consumido a minha vida de tal forma que chego ao final do dia com o cérebro todo espremido. Tem sido a loucura...a loucura!


Desculpas parvas à parte, resta-me referir que li estes três livros em 2015 e que inicialmente tinha previsto fazer um post pequeno e sucinto, mas tal não aconteceu, por isso preparem-se para ler muito.

A Nossa Canção de Sarah Dessen


Editora: Livros de Seda
Publicado em 2010
Páginas: 380
Idioma: Português


Sinopse: Aos 17 anos, Remy Starr já sabe qual o momento certo para terminar uma relação: imediatamente antes de se envolver a sério. Afinal de contas, o amor não dura para sempre: foi essa a lição que aprendeu com a mãe, uma escritora de best-sellers a caminho do quinto casamento.

Vencedor do prémio de Melhor Livro do Ano da Publishers Weekly e finalista do prémio literário do jornal Los Angeles Times, A Nossa Canção é a história divertidíssima de uma rapariga que não acredita na voz do coração… e do rapaz disposto a provar-lhe que ela existe.




Opinião:

Cada vez que leio a sinopse deste livro, pergunto-me onde é que esta história é "divertidíssima". Tem, como é óbvio, os seus momentos engraçados, mas está longe de ser uma comédia hilariante...
Divagações à parte,  A Nossa Canção foi o primeiro livro que li da Sarah Dessen e o que posso dizer é que, para primeira leitura, não me aqueceu nem me arrefeceu. Foi uma leitura amena por assim dizer, o que não é necessariamente mau. A questão é se voltarei a ler mais alguma coisa da Sarah Dessen no futuro... 

A história gira à volta da Remy Starr, uma miúda que acredita no amor como certos adultos acreditam no Pai Natal. Só a simples ideia a faz torcer o nariz e revirar os olhos em sinal de pura descrença, por isso toma as devidas precauções para não se envolver a sério com ninguém. 


Apesar de gostar de personagens cínicas e cépticas e de todo o processo que as leva a mudar de opinião, ou melhor, que as leva a ter uma atitude mais soft em relação à matéria do amor, não consegui sentir aquela empatia pela Remy e muito se deve à forma como tratou o Dexter em momentos específicos da história. 
O moço não merecia. Especialmente quando o dito cujo fez tudo para que a moça se sentisse bem (e amada). Enfim, faz parte do charme deste tipo de histórias, há sempre aquele momento em que o casal se separa, por razões parvas, para depois se reconciliar no fim. O ponto mais alto deste livro para mim foi, sem dúvida, a banda do Dexter e todos os seus membros e o cão, cujo nome não me lembro, foi há muito tempo que li este livro, estávamos no ano de 2015 quando isso aconteceu... 


Life In Outer Space de Melissa Keil


Editora: Hardie Grant Egmont
Publicado em Fevereiro de 2013
Páginas: 316
Idioma: Inglês


Sinopse (Goodreads): Life in Outer Space is a romantic comedy about a movie geek & the dream girl he refuses to fall in love with. Sam Kinnison is a geek, and he’s totally fine with that. He has his horror movies, his nerdy friends, World of Warcraft – and until Princess Leia turns up in his bedroom, worry about girls he won't. Then Camilla Carter arrives on the scene. She’s beautiful, friendly and completely irrelevant to his plan. Sam is determined to ignore her, except that Camilla has a plan of her own – and he seems to be a part of it! Sam believes that everything he needs to know he can learn from the movies. But perhaps he’s been watching the wrong ones.




Opinião:

Melissa Keil foi talvez a melhor descoberta que fiz em 2015. Uma agradável surpresa que entrou directamente para o meu top de autores de romance contemporâneo preferidos e eu nem chego a ter um top 5 de autores de romance contemporâneo (agora que penso nisso é um pouco triste e caso não tenham reparado, estou a dar-vos uma dica para me sugerirem mais autores/livros interessantes). 
O que posso dizer sobre este livro, por onde começar?

Foi uma alegria e uma satisfação enorme ler esta história. O único defeito deste livro é ser demasiado PEQUENO. 

Life in Outer Space conta a história de Sam, um rapaz que adora cinema e que devora filmes como o Cookie Monster devora bolachas. É um nerd adorável portanto. Um adolescente com uma queda para o dramatismo cómico (já vão perceber porque usei estas duas palavras) e um grande amigo. Sam não é um aluno popular e, como é óbvio, anseia por se ver livre do secundário e ir para a faculdade, onde terá uma oportunidade de recomeçar a sua vida, longe de casa onde ninguém o conhece e onde estará mais perto de realizar o sonho de se tornar guionista (roteirista?) de cinema. 

A sua vida é um loop constante. Sempre a mesma rotina, as mesmas preocupações, até ao dia em que entra a miúda nova - Camilla. Uma miúda que vai pôr termo à monotonia dos seus dias, que vai virar todos os seus planos do avesso e que o vai confundir de formas inimagináveis. 

Quando ele percebe que gosta mesmo da Camilla...Bem... É aqui que entra a parte do dramatismo cómico, porque ele simplesmente não sabe como há-de lidar com a situação e é INCRÍVEL. 


Escusado será dizer o quanto adorei este protagonista. Nunca me revi tanto num personagem como me revi no Sam. Na sua fome de conhecimento, na sua atenção aos pormenores, no uso de citações de certos filmes ou na forma como ele usa referências de filmes na sua própria vida... Mas também nas suas incertezas, na sua insegurança e na forma como ele trata os seus amigos. Faz-me desejar (ardentemente) que ele seja uma pessoa real em vez de um personagem fictício.

Adorei cada momento que passei com estas personagens, o romance lento mas tão gratificante no fim e adorei como a história não cai nos típicos lugares comuns deste género de romance. Foi fácil fazer o filme deste livro na minha cabeça.

Vale a pena.


Every Last Word de Tamara Ireland Stone



Editora: Disney- Hyperion 
Publicado em Junho de 2015
Páginas: 368
Idioma: Inglês


Sinopse (Goodreads): If you could read my mind, you wouldn't be smiling.

Samantha McAllister looks just like the rest of the popular girls in her junior class. But hidden beneath the straightened hair and expertly applied makeup is a secret that her friends would never understand: Sam has Purely-Obsessional OCD and is consumed by a stream of dark thoughts and worries that she can't turn off.


Second-guessing every move, thought, and word makes daily life a struggle, and it doesn't help that her lifelong friends will turn toxic at the first sign of a wrong outfit, wrong lunch, or wrong crush. Yet Sam knows she'd be truly crazy to leave the protection of the most popular girls in school. So when Sam meets Caroline, she has to keep her new friend with a refreshing sense of humor and no style a secret, right up there with Sam's weekly visits to her psychiatrist.

Caroline introduces Sam to Poet's Corner, a hidden room and a tight-knit group of misfits who have been ignored by the school at large. Sam is drawn to them immediately, especially a guitar-playing guy with a talent for verse, and starts to discover a whole new side of herself. Slowly, she begins to feel more "normal" than she ever has as part of the popular crowd . . . until she finds a new reason to question her sanity and all she holds dear.


Opinião:

Every Last Word conta a história de Sam, uma adolescente com OCD (transtorno obsessivo) que tenta diariamente não ser engolida pelos seus próprios pensamentos, especialmente para que estes não levem a melhor em frente das suas amigas - que tanto valorizam as aparências. Sam tem um medo terrível que descubram o seu segredo. Ela pensa que, se deixar de fingir ser uma pessoa "normal", as suas amigas deixem de aceitá-la no seu grupo (um pouco tóxico), condenando-a assim a ficar sozinha. Sem ninguém, sem nenhum lugar para onde ir depois das aulas, sem nenhum grupo aonde possa pertencer. 

Para Sam, a vida podia ser um Verão eterno, a única altura em que se sente menos pressionada. Mas a escola recomeça e com ela voltam os mesmos problemas. Só com a ajuda de uma psiquiatra é que Sam consegue lidar - de modo precário - com o seu fingimento e com o seu transtorno obsessivo. Até ao dia em que descobre um grupo de pessoas - uns autênticos misfits - que se encontram, num lugar secreto na escola, para escrever poesia e a sua vida começa a mudar para melhor, porque com eles, Sam sente-se finalmente livre para ser ela própria.

Mais uma agradável surpresa e outra estreia. Nunca tinha lido um livro que abordasse, em específico, temas como a doença mental e o bullying, e para quem tem um histórico semelhante, esta história tocou-me ao ponto de me fazer chorar e é difícil fazer-me chorar. MAS, não pensem que este é um daqueles livros lamechas à la Nicolas Faíscas. Nada disso. Este não é um drama gratuito, até é bastante leve na sua abordagem, ou seja, trata dos temas com naturalidade e perícia, sem grande alarido, se é que me entendem.

Parte da razão porque gostei tanto desta história deve-se à voz da Sam, que é tão genuína. Nós sofremos com ela, rimos com ela, choramos com ela. Desejamos gritar-lhe aos ouvidos, para que ela siga o caminho lógico e se livre de uma vez por todas daquelas amigas parvas, que tanto lhe fazem mal. Só que lá está: É fácil dizer, difícil é fazer. Eu que o diga.
É realmente difícil encontrar a nossa própria voz, aprender a dizer não ou simplesmente sermos quem somos, porque não queremos ser os maus da fita ou os cromos ou os deslocados, porque isso pode significar não termos amigos. Mas é esta linha de pensamento que é errada e Sam felizmente percebe isso.

Causou-me uma certa aflição ler os momentos em que ela continuava presa a tanto negativismo, porque me revi em tantas coisas, mas também senti uma alegria enorme quando ela se juntou ao Poet's Corner - o grupo de poesia. Nesse lugar mágico, ela conheceu verdadeiros amigos, aqueles que não julgam nem gozam com malícia. Amigos que a encorajaram a não ter medo de ser quem ela é. Infelizmente, esses amigos só não conseguem fazer desaparecer os seus ataques de pânico, os seus pensamentos nocivos. Mas contribuem em muito, para que estes não sejam tão frequentes e tão maus.
Sam não só encontra bons amigos como encontra o amor através do AJ. As coisas não começam propriamente bem entre eles no início (e as razões são muito muito chocantes e tristes), mas o romance desenvolve-se, devagarinho, mas desenvolve-se e É TÃO BOM, porque eles fazem tão bem um ao outro.

Este livro também me fez bem, porque não me fez sentir sozinha. E mais importante, não me permitiu esquecer que os dias bons estão sempre à espreita, nós só temos que lutar por eles.

***

E pronto,está feito. Espero que não vos tenha maçado. Peço desculpa pelo post tão extenso, mas teve de ser. 

Sintam-se à vontade para comentar. Já conheciam estes livros? Digam coisas!